terça-feira, 12 de agosto de 2008

a imperfeição da felicidade



ser-se na perfeição da felicidade
é ser-se inconsciente permanentemente
ou temporariamente e morrer a seguir.
é esbofetear o superego
até que ele não tenha mais por onde sangrar
a sua inoportuna capacidade de concretizar
o que queremos abstracto.
é voltar a nascer a cada segundo
e senti-los com a pureza do sorriso de uma pedra
que não se move com o vento
que insiste em gritar na janela.
é ser-se surdo e não dar a menor importância
às inúmeras fotografias que tiramos em conjunto.
é saltar e tocar o tecto,
ficar lá,
ver toda a estupidez humana lá em baixo
e rir dela até quase ficar sem ar.
é roubar um balão ao homem da pandeireta
e fazer dele um mundo na nossa mão
e passear com ele num jardim cheio de nada.
é tanta coisa ao mesmo tempo
e não nos lembrarmos nem de metade.

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