segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

aparte: é natal!



[ lembranças de natal ]

é natal
e uma criança caiu lá fora
porque as luzes não combinam nada com o nevoeiro que as envolve.
o vento sopra
e partiu a árvore nua que assombrava a minha porta.
no jogo de sombras nocturnas
de luzes coloridas pela escala dos cinzentos
recordo todos os natais que passaram e proponho um natal perfeito para toda a gente.
vendem-se aventais nas feiras improvisadas em qualquer esquina.
os fogões cospem labaredas e infestam o ar de açucar.
juntam-se corações, olhares e gestos que dispensam palavras,
porque as sinto como fogo de artifício
aprisionado nesta masmorra de pele.
é natal
mas o pai natal não desce cá abaixo
só plana lá por cima.
é natal porque vamos ao sótão buscar a árvore encaixotada
e uma caixa poeirenta cheia de luzes e cores.
a aparelhagem assobia sonoridades da época
nesta sala iluminada de laranja
que contrasta com o frio e a estrada negra
onde dormem os cães e os gatos sem dono.
ponho o gorro vemelho garrido na cabeça
e saio de casa para distribuir as prendas
que recolhi entre encontrões em extase.
quero trincar tudo o que é desta época
e sentir todos os sabores e cheiros
guardá-los cá dentro
e partilhá-los com quem eu amo.
é natal no dia a seguir da véspera da noite que não foi natal
e os sinos que ecoam
ouvem-se por toda a minha terra.
a luz da manhã é mais forte que o nevoeiro
e a vontade de não findar este dia também!
então festejemos outra vez.
mais corações, mais olhares, mais gestos,
mais luzes, cores, sabores e cheiros,
mais tudo o que se quer
formando uma forma geométrica que ainda não tem nome nem dimensões limite
sem proporções de escalas que não foram inventadas.
é natal
e tudo é a preto e branco por contraste
e preenchido com as cores que somos nós.
é natal
e o natal é sempre perfeito,
pena que não seja para toda a gente.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

caverna
























o toque dolorosa da folha na pele,
o ardor e o vermelho nos olhos,
e a escuridão que há,
não fora nem no interior,
mas no intermédio em mim,
como uma áurea,
seja lá o que isso for,
tudo isto em conjunto me faz lembrar a caverna onde me deitei
e hoje me volto a deitar.
sentir calor na minha metade direita por obra de meio farrapo,
sentir frio na minha metade esqueda por graça do ósculo da abertura entrada/saída,
faz-me sentir feliz por momentos,
por existirem sensações que nos criam ideias, conceitos, opiniões,
sem sermos totalmente cegos
mesmo havendo tantas nuvens em cada rua por onde somos obrigados a deambular.
esta contradição de sensações
que nos move e faz pensar,
este pensamento que nos afasta do que é real,
no fundo são coisas boas que temos,
só pelo que elas são, ou pelo que fazem,
e ficamos cá por cima a flutuar
e a pensar que vivemos.

foto: casa do gollum.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

continua a mudar


que sou eu?
sou um copo
um cd
um livro q toda a gente lê
mas que poucos sabem as entrelinhas da última página.
sou o ponteiro dos segundos
e nas horas vagas o dos minutos.
sou a tampa de um perfume
só quando não me salta a tampa.
sou uma caixa que guarda segredos públicos
de uma filosofia chinesa com que ninguém se importa
mas encara todos os dias.
sou uma tela
quando se dá a primeira pincelada.
sou um lápis de cera verde
na esperança de dizer
que um dia destes o tempo vai mudar
porque eu já mudei!
o que sou eu, só eu devia saber
mas não sei!
só sei que afinal não era bem como pensava ser..
porque, se há coisas que são feitas para permanecerem imutáveis
eu não sou uma delas de certeza!
eu mudei, e sinto-me melhor assim..
embora talvez tenha saudades do que era
tenho muitas mais saudades do que eram os outros.
mas fico feliz por não mudar sózinho
e ao mesmo tempo infeliz por haver muito que fica por mudar.
o que sou eu?
um cartão de memória que se insere numa máquina digital
sou o botão play na maior parte do tempo
e o de pause de vez em quando.
sou a fronha de uma almofada que cai a meio da noite
porque já não é necessária,
pois foi encontrada uma posição melhor.
sou a tecla do botão direito do rato
para mostrar opções.
sou um bolso
um lápis
e uma borracha.
continua a mudar o que queres que eu mude
e a deixar estar como está o que não queres!
por mim pouco me importa..
para mim sou sempre eu,
e eu sou o que sou dependendo da ocasião!
que sou eu?
que importa, desde que seja?


[2005]
[foto no vinícola, do barreiro]

domingo, 16 de dezembro de 2007

eu só me quero deitar numa cama de rosas planas


desculpa-me pelas minhas desculpas,
pois eu só me quero deitar numa cama de rosas planas,
pelo menos nos tempos que se avizinham,
nas horas diurnas,
e quem sabe, nas nocturnas,
porque a lua é mentirosa.
por isso é que não gosto de pensar de noite:
se for para mentir,
prefiro que seja a dormir
e que as mentiras se transformem em sonhos
e que tu voes neles,
dividida em três borboletas
para que eu acorde todos dias
com uma azeitona na boca.
e então eu posso rir, rir, rir,
sem medo de a mostrar
e cuspir o caroço para a cabeça de quem eu quiser!
obrigado pelo arco-íris em que transformas a vida!
e a vida é mesmo assim:
mentirosa como a lua,
mas voa como borboletas
e cospe caroços de azeitonas lá de cima,
e nós vamos abrindo um guarda chuva de quando em vez, cá em baixo.
ainda bem que tenho duas caixas
onde guardo os meus segredos públicos e a minha estupidez..
uma é a minha cabeça e a outra um xadrez!
não sei em qual meta o quê.. porque misturo tudo!
o que me safa é ter um guardião à porta do quarto
que não guarda coisissíma nenhuma! (?)
passa o dia a olhar para a parede
e só me olha à noite, porque a lua..
..é mentirosa!
por isso é que a confiança tem validade,
e os dias são como idas ao supermercado,
onde no carrinho temos as cabeças
e nas prateleiras a quantidade que lhes queremos atribuir!
ainda bem que és assim,
um bocado ao contrário de mim,
mas o equlíbrio é necessário
nesta salada insonsa da vida!
portanto deixa-te ficar,
não precisas de abrir mais os olhos,
porque se não as pestanas tocam-se a trás da cabeça,
e enrolam-se,
e formam tranças até aos pés,
e tropeças,
e cais,
e fechas os olhos,
e começas tudo de novo!
obrigado por seres os meus pés de vez em quando..
Imagina o quão chato seria ter de andar em cadeira de rodas!
portanto mantem-te no nível onde te encontras,
e vê se vences o boss,
se não ainda terás de saltar para outra plataforma,
e assim sucessivamente!
aqui por estes lados,
vou andando como posso,
e não como quero..
nem que seja a fazer o pino
e, vendo o mundo ao contrário,
lambo as paredes e as pêras,
em vez que caminhar a olhar para o céu
e a comer uma maçã,
sem ter medo que isso constitua um pecado!


já não me lembro quem tirou a foto, mas sou eu quem está nela, e quem a meteu bonita, foi a menina que também lá está.
e isto foi no dia (mas à noite) em que o pápa morreu, e nós fizemos, por acaso, um festa.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

pus o dedo no meu umbigo


houve um momento que tive medo..
mas olhei na mesma, e foi então que vi!
não era como tinha imaginado,
nem como me haviam dito..
afinal era tudo mentira!
desse momento em diante, deixei se sonhar da mesma maneira..
e pus o dedo no MEU umbigo!
afinal eu existo e não fui feito para mais nada se não existir!
nem sequer para compreender..

sou eu, o meu umbigo e as coisas.. o conjunto a que chamo 'vida'!


[espektrum]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

ainda há..


porque ainda há coisas que nos distraiem,
vou pedindo mais uma dose de loucura
e mais um dia para poder ser louco..
porque ainda há coisas que nos fascinam,
deixo-me ficar mais um pouco
e tento que a luz me penetre..
porque ainda acredito
vou deixando o tempo passar..
e por entre as horas que passam,
o deprimente músculo que não sonha nem sente,
pulsa inexoravelmente
e eu fico e existo hoje.
prefiro ficar de fora
e ver de dentro, lá fora,
o reflexo da guilhotina que brilha..
posso ficar sozinho?
então obrigado e quero mais um café,
porque mais uma noite me espera,
e eu também espero por ela,
com uma mão no colo e outra no pensamento.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

feitos do mesmo


se me sentes com o coração
eu sinto-te com os intestinos,
e pessoalmente, com o coração também.
as partes visíveis dos teus olhos
misturam-se com o espaço que rodeia a tua cabeça.
e na tua boca entra um navio comigo lá dentro,
e eu dou voltas, começando pela cabeça..
e eu rodopio com tanto vento que lá está dentro
que quase que saio pela nariz, ou por uma orelha..
mas desço! e tudo é oco
e vermelho e por vezes cinzento,
com aranhas e madeira
e um balde que talvez tenha sido um regador
mas a ponta partiu-se, e portanto agora é só um balde
igual a tantos outros.
chego à unha do dedo grande de um pé,
e dou meia volta e saio ao nível do meio corpo.
(...)
mas cá não está tudo igual,
porque trago comigo bocados do que te preenche
e sinto-me doente porque fechei os olhos..
tive de os fechar pelo escuro encadeante e incandescente
que envolve o mundo que é só nosso,
porque mais ninguém pertence a ele
e ele não pertence a mais ninguém.
e de repente sinto-te como a fricção da areia que eu gosto,
2 vezes por dia numa cadeira azul
e um cubo às cores eléctrico que me filma
enquanto não sei de ti, nem te penso..
e quando penso, não te sinto..
não sei de ti, mas sei que te vejo amanhã outra vez,
como uma maçã verde que não simboliza o pecado porque não é vermelha,
mas é ácida nas gengivas e na ponta da língua.
e borras-me como a tinta de uma esferográfica
que me ofereceram num evento cultural!
e se o que te envolve me enoja,
eu enojo-me ainda mais,
com olhos esbugalhados com medo permanente
e dedos esqueléticos que só servem para escrever.
mas o nojo que sinto em mim de mim
não é só o físico mesmo com fluídos..
mas também a hipótese de que sejamos feitos do mesmo,
e que as aranhas me consumam a madeira,
sem que o balde tenha a função de regador
para as afastar com água,
e sem que o vermelho reine totalmente sobre o cinzento que se evapora e preenche o espaço.
e se formos?
então não penso mais nisso!
não me importa e nada muda,
só se confirma
e eu compreendo ou pelo menos tento.
mesmo carregando nos botões sem função do comando
sem que a tua cabeça desapareça do cubo mágico nº2.
e eu engulo mais laranja de uma ampola
para que os papéis escritos e para escrever
fiquem sob escuta por parte do mole da minha cabeça.
e até quando o pijama me roça
e eu roço com as unhas nas borbulhas do pescoço,
eu me lembro que a tua cara tem a beleza de um trevo de quatro folhas,
que não existe.
mas é belo e não é verde,
mas se fosse verde existia,
ou então o contrário:
se existisse seria verde?
mas não existe como tu não teres cabeça
e andas com um pescoço cortado que já não sangra,
como um coto,
mas tens cabelo na mesma,
e ouves e falas mais do que ouves,
e não cheiras e vês menos do que ouves.
essa tentativa frustada de arco-íris
não combina nada com a manhã límpida e apetecida,
porque arco-íris só há um,
e se fosses tu, o outro já não era preciso para nada,
e porque só há arco-íris quando chove e o sol está presente.
portanto dou-te pouca importância!
apesar de seres a coisa que talvez dê mais importância a seguir ao meu umbigo..
mas é o suificiente para escrever e dormir sem sonhar
e acordar numa manhã fria e sem sol,
e pedir mais uma só para me resolver!
[2005]

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

3 discursos sobre o tempo (ou sobre qualquer coisa em relação a ele)


dói-me tudo,
por entre as horas que passam.
estas dores que não sei de onde vêm,
sinto-as por dentro e por fora.
dói-me um pouco pelo corpo todo:
os dedos quando os roço no tecido, ou no papel frio,~
as costelas e a bacia de estar sentado,
os pés e os tornozelos de estar em pé,
a nuca, as omoplatas, o cóccix e os calcanhares de estar deitado.
dói-me os olhos, não sei bem porquê..
por escrever a estas horas,
por ter horas de sono perdidas na noite,
por chorar compulsivamente
e até por não chorar, às vezes, horas a fio.
dói-me o peito, dói-me o coração..
dói-me porque não sei porque me doem as dores
e onde doem e porque doem assim!
apenas me dói, e dói-me pensar no amanhã e nos outros, e até em mim.
o que tiro desta vida é a dor de pensar,
à medida que o tempo passa,
e que para reduzir a dor,
só mesmo apenas pensar em mim,
e em mais ninguém,
em mais nada.
eu basto-me como minha dor e como meu fármaco,
porque um dia quando as horas acabarem,
será pelo mal ou pela cura..

[gollum]







as horas são extraordinárias!
mas não me pagam mais pos isso..
são assim pelo que são!
os minutos são dolorosos..
um isolado é inofensivo,
mas em colónias são uma carga de trabalhos para os ultrapassar!
os segundos.. são eternos, perigosos e calculistas!
são eternos quando lhe dou rosas,
perigosos quando me tic-tac-toam nos ouvidos e num deles evacuo,
e calculistas porque juntos dão-me jeito no bolso
com mais uma moeda e um cigarro!
os anos.. são maus no dia-a-dia,
e bons no fim e no início.
afinal no meio não está a virtude
e queremos um extremo,
como um louco que não é um vegetal!
no início fazem-se planos,
e só no fim é que se pensam neles
e noutras coisas tantas,
e no outro início, novos planos se voltam a fazer!
e assim se vivem os dias!
nuns chovem, noutros fazem sol, idependentemente de ser domingo: dia do sol!
se as coisas fossem como os nomes, então teria de chover 6 dias por semana?
coitadas das couves que não sabem nadar..
os dias são rápidos,
mas lentos em certas ocasiões.
muitos juntos são uma vida..
boa ou má, rápida ou demorada.
e é por isto que o tempo é relativo,
já dizia Enstein!
(ou entao não)
as horas são mesmo extraordinárias!
mas não me pagam mais por isso..

[espektrum]




eu não quero estar aqui!
pudesse eu mover-me mais uns 300 metros..
mas não posso, nem sei porquê!
muita gente nao sabe quase nada a meu respeito,
e por mim até podiam nada saber,
pelo menos em relação ao que escrevo,
porque eu gosto é de actuar,
e quando não posso, escrevo,
apesar de não fazer sentido nenhum,
mas menos sentido faria, eu sem ter nada que fazer!
eu que sou capaz de formar colónias..
já o comecei,
e é um trabalho para uma vida!
pudesse eu mover-me uns 300 metros e estaria a fazê-lo neste momento,
mas não!
aqui estou de pijama,
a escrever e a perder horas preciosas
que poderia dedicar ao que é mais precioso - os outros!
sou unicelular,
mas gosto do conjunto "eu+outros=nós"!
e de abraçá-lo
e me sentir abraçado pelo conjunto ao qual me incluo!
então também me abraço aqui sozinho,
na falta do melhor
e olho para o relógio!

[volvox]




e isto foi na madrugada de 7 de maio de 2005.
fotos captadas por mim, a mim próprio.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

introdução




(isto acabou por sair maior do que o previsto.. mas é importante que leiam, pelo menos eu gostava que lessem. tempo estimado: 5 solidários minutos. equivalente a quase duas páginas no word, com letra tahoma, número doze.)


já passaram uns dias desde que abri isto aqui, porque não sei bem como começar.
isto porquê?
porque a ideia para este blogue seria uma espécie de baú com tudo o que escrevi até hoje e o que vou escrevendo no presente.
um blogue egoísta de desabafos.

se calhar tinha mais sucesso se fizesse um blogue com piadas e críticas ácidas e tal, mas talvez não tenha muito jeito. de quando em vez, até pode ser que aconteça.
pode ser um chato, mas achei mesmo necessário uma espécie de introdução (que é isto que estou a fazer) antes de começar aqui a despejar palavreado, para que surja, assim, um contexto para a coisa.
começando pelo nome..
delírios quotidianos, era uma peça de teatro na qual participei, na escola de teatro do barreiro, arte-viva (ver imagens - eu sou o de casado verde =) ). era um conjunto de pequenos sketches inspirados em situações da vida real. um kitsch show com absurdo onde no palco se mostravam situações que muito facilmente encontramos numa revista qualquer, ou nomeadamente na revista maria que todos conhecem, como por exemplo: como pintar o cabelo em 10 minutos em casa, como fazer com que ele olhe para si numa festa, etc. situações que lemos com muita normalidade e que até nos dão jeito no dia a dia, mas que ali no palco tomavam uma dimensão hilariante. outros sketches brilhavam pelo exagero, como por exemplo, o drama de uma senhora muito “fina” a lavar um prato sujo, munindo-se de luvas, máscara e fato de macaco, com a música da missão impossível como fundo, ou um encontro de dois amigos que não se viam há muito tempo, que demoravam mais tempo a cumprimentarem-se, numa coreografia ridícula com passos do michael jackson e maracas à mistura, do que a conversarem. coreografias muito bem ensaiadas, com Lhasa na banda sonora e tudo. esta peça tinha de tudo. de tudo que nos surge na vida. coisas que vistas como espectadores soam a estranho, mas que, no fundo, lhes são muito próximas. pequenos delírios. quotidianos.
agora, como é que se relaciona isto com este blogue?
à primeira vista quase nada, só o nome.
na verdade são marcas minhas do dia a dia, mas talvez sem as cores e o cómico da peça.
essa peça que foi apenas há três anos e que agora me parece que foi num passado muito distante.
e é exactamente aqui que se pode começar a entender este blogue, que fala de uma pessoa numa metamorfose de vários tipos de transformações num curto espaço de tempo, quando as condições em redor deixam de ser as ideias para uma vida normal, seja lá o que isso for. de uma pessoa que escreve sobre tudo, de si própria, em vários estados de espíritos e em várias situações, em várias épocas. dependendo de estas variáveis, fui inventando nomes para assinar os meus textos, porque às vezes não faz sentido assinar com o meu nome real, quando as coisas não me parecem reais, como um nome. e como não tenho muito jeito e paciência para inventar nomes “a sério”, dei-me nomes que estavam mais à mão, por exemplo, personagens de filmes, nomes de coisas encontrados nos livros da escola, nomes que me surgiam na cabeça depois de reler os meus textos, etc. nomes como gollum (ver senhor dos anéis) para a minha faceta mais pessimista, espektrum (ver primeiro post) para a minha faceta mais individualista, volvox (alga unicelular mas que vive em colónias porque de outra forma não poderia sobreviver) para a minha faceta dependente de tudo e todos, liar (ouvir a banda liars) para a minha faceta mais desconhecida, dr. hostil para a minha faceta mais destruidora, e de momento não me lembro de inventei mais nomes.
hoje, olhando para estes nomes, soam-me mal, estupidamente ridículos. se calhar devia mesmo ter tido o trabalho de arranjar nomes mais pomposos tal como fernando pessoa e outros. mas a ideia era só para eu me lembrar exactamente do tempo e do espaço em que escrevi determinado texto ao relê-lo mais tarde. agora não sei se os meus textos vão estar sempre assinados ou não, por estes nomes, ou outros, ou o meu mesmo. agora, e passado tanto tempo, já me parece perfeitamente normal que tudo o que falei e escrevi, possa ser proveniente de apenas uma só pessoa, de uma única mente. porque as coisas mudam.
sim, tudo muda, as pessoas mudam.
eu sou mais uma pessoa, e isto aqui não vai ser do agrado de toda a gente, especialmente para as pessoas que pensem assim: “olha agora.. não tenho mais nada que fazer do que ler sobre a vida de um gajo egoísta e narcisista qualquer armado em esperto”. se pensas assim, podes parar deler neste preciso momento e clicar ali no canto superior direito, numa cruzinha vermelha, e escusas de cá voltar. por outro lado, pode ser interessante visto de longe, de forma estética e poética. e é a visita destas pessoas que me interessa!
para essas pessoas:
este é o meu blogue! - inspirado na vida e em todas as surpresas que ela nos incute, um conjunto de metáforas ao quadrado, hipérboles, ironias, sentimentos variados, neologismos, contradições, mentiras e verdades, dependendo da perspectiva, tempo e espaço.
para as pessoas mais distantes, pode parecer tudo muito abstracto, para pessoas mais próximas de mim, e como já aconteceu anteriormente, podem a dada altura, ao ler um dos meus textos, dizer isto: “ele está a falar de mim” ou “ele está a falar daquela situação”.

p.s.: tal como a ausência de maiúsculas (ver primeiro post), também não gosto muito das reticências (os três pontinhos). é estúpido, mas mesmo assim vou tentar explicar. temos o ponto final (.) e temos as reticências (...), mas não há nenhuma pontuação intermédia com apenas dois pontos horizontais(..). ora, se não há, porque é que se passou do ponto único para três ponto? ainda se houvesse a pontuação (..) ainda percebia. mas sendo assim, não me faz muito sentido. pronto, foi só uma pequena explicação para quando virem aqui isto (..) foi de propósito, assim como a ausência de maiúsculas na maior parte dos casos. aliado a esta explicação, há ainda o facto de às vezes escrever tão depressa, que nem dá jeito sequer, e nem sai bem se for à mão, as ditas reticências. e ainda, esteticamente, fica um espaço de demasiado grande entre as letras separadas por reticências (xx... yy). tanto a ausência de maiúsculas, como as “novas” reticências, como outros factores que posso enunciar como os neologismos e palavras entre aspas, podem ainda ser explicados pela natureza desleixada dos textos, a falta de paciência para estas mordomias da língua, a ruptura com o que é muito correcto porque isso nem é o mais importante aqui, o facto de ter de escrever tudo rapidamente para que consiga realmente escrever tudo o que se pensa ao mesmo tempo em determinadas situações.
um lado positivo disto, desde “pê esse”: imagina que um dia sou famoso e tal e que até aparecem coisas minhas nos livros de uma disciplina tipo português.. já deixei algo escrito para a compreensão da obra, em vez de aparecerem aí uns sabichões da análise textual a adivinharem o significado destes pormenores.


se chegaste a aqui, parabéns! estás preparado para cá voltar. obrigado..

domingo, 2 de dezembro de 2007

espectro

olá.

eu sou o luís e este é o meu blogue a partir de hoje, porque só hoje é que o fiz.
não é que nunca tenha pensado em fazer um.. mas fui adiando, adiando.. e finalmente hoje dei à luz um blogue, mais um entre milhões.

podia falar já de muita coisa.
podia falar do "control", filme sobre ian curtis e os joy division, que vi ontem, podia falar do natal que já anda aí, podia falar de amor e não sei quê, podia falar do facto de não gostar de usar maiúsculas, podia falar sobre a vontade que me apetece de sair à rua neste momento e que não o vou fazer porque parece que não consigo tirar ninguém do conforto do seu lar para ir comigo.. mas hoje não vou falar nada disto.
hoje vou só deixar aqui umas pequenas e incompletas definições da palavra "espectro", com a ajuda da wikipedia.

espectro: fantasma, espírito maléfico.
espectro (física): resultado obtido quando as radiações electromagnéticas são emitidas ou reflectidas nos seus comprimentos de onda ou frequências correspondentes.
espectro (sonoro): distribuição, no domínio das frequências, do conjunto de todas as ondas que formam um determinado som, audível ou não audível pelo ser humano.