sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

3 discursos sobre o tempo (ou sobre qualquer coisa em relação a ele)


dói-me tudo,
por entre as horas que passam.
estas dores que não sei de onde vêm,
sinto-as por dentro e por fora.
dói-me um pouco pelo corpo todo:
os dedos quando os roço no tecido, ou no papel frio,~
as costelas e a bacia de estar sentado,
os pés e os tornozelos de estar em pé,
a nuca, as omoplatas, o cóccix e os calcanhares de estar deitado.
dói-me os olhos, não sei bem porquê..
por escrever a estas horas,
por ter horas de sono perdidas na noite,
por chorar compulsivamente
e até por não chorar, às vezes, horas a fio.
dói-me o peito, dói-me o coração..
dói-me porque não sei porque me doem as dores
e onde doem e porque doem assim!
apenas me dói, e dói-me pensar no amanhã e nos outros, e até em mim.
o que tiro desta vida é a dor de pensar,
à medida que o tempo passa,
e que para reduzir a dor,
só mesmo apenas pensar em mim,
e em mais ninguém,
em mais nada.
eu basto-me como minha dor e como meu fármaco,
porque um dia quando as horas acabarem,
será pelo mal ou pela cura..

[gollum]







as horas são extraordinárias!
mas não me pagam mais pos isso..
são assim pelo que são!
os minutos são dolorosos..
um isolado é inofensivo,
mas em colónias são uma carga de trabalhos para os ultrapassar!
os segundos.. são eternos, perigosos e calculistas!
são eternos quando lhe dou rosas,
perigosos quando me tic-tac-toam nos ouvidos e num deles evacuo,
e calculistas porque juntos dão-me jeito no bolso
com mais uma moeda e um cigarro!
os anos.. são maus no dia-a-dia,
e bons no fim e no início.
afinal no meio não está a virtude
e queremos um extremo,
como um louco que não é um vegetal!
no início fazem-se planos,
e só no fim é que se pensam neles
e noutras coisas tantas,
e no outro início, novos planos se voltam a fazer!
e assim se vivem os dias!
nuns chovem, noutros fazem sol, idependentemente de ser domingo: dia do sol!
se as coisas fossem como os nomes, então teria de chover 6 dias por semana?
coitadas das couves que não sabem nadar..
os dias são rápidos,
mas lentos em certas ocasiões.
muitos juntos são uma vida..
boa ou má, rápida ou demorada.
e é por isto que o tempo é relativo,
já dizia Enstein!
(ou entao não)
as horas são mesmo extraordinárias!
mas não me pagam mais por isso..

[espektrum]




eu não quero estar aqui!
pudesse eu mover-me mais uns 300 metros..
mas não posso, nem sei porquê!
muita gente nao sabe quase nada a meu respeito,
e por mim até podiam nada saber,
pelo menos em relação ao que escrevo,
porque eu gosto é de actuar,
e quando não posso, escrevo,
apesar de não fazer sentido nenhum,
mas menos sentido faria, eu sem ter nada que fazer!
eu que sou capaz de formar colónias..
já o comecei,
e é um trabalho para uma vida!
pudesse eu mover-me uns 300 metros e estaria a fazê-lo neste momento,
mas não!
aqui estou de pijama,
a escrever e a perder horas preciosas
que poderia dedicar ao que é mais precioso - os outros!
sou unicelular,
mas gosto do conjunto "eu+outros=nós"!
e de abraçá-lo
e me sentir abraçado pelo conjunto ao qual me incluo!
então também me abraço aqui sozinho,
na falta do melhor
e olho para o relógio!

[volvox]




e isto foi na madrugada de 7 de maio de 2005.
fotos captadas por mim, a mim próprio.

7 comentários:

Anónimo disse...

Eu lembro-me desse teu texto no teu fotolog. Também me lembro das fotos xD

Mas essa tua tentativa de te tornares um "Fernando Pessoa"... é cómica.

O que é um Volvox ou lá como se escreve?!

maistextosmaistextosmaistextosmaistextos

espektrum disse...

oh estrela da manhã, vê o post anterior (fala lá sobre o que é uma volvox). =P

se conhecesses bem a obra de pessoa, podias reparar que não tem nada a ver. acho eu.

mas hoje, olho para trás e já n vejo necessidade de assinar "coisas" com nomes diferentes. isso acontece qnd n sabemos mto bem de onde vêm as coisas q sentimos e pq sentimos assim. (aí sim, poderá haver uma semelhança com pessoa). hoje vejo q veio tudo do mesmo sítio, de mim, q me conheço melhor.

beijos, borboleta (como a minha mãe te chamava) =P

Sara C. Rodrigues disse...

Sabes do que gostei mais deste post? Nem foi das tuas prosas... Foi deste comentário em resposta!

"hoje, olho para trás e já n vejo necessidade de assinar "coisas" com nomes diferentes. isso acontece qnd n sabemos mto bem de onde vêm as coisas q sentimos e pq sentimos assim. (aí sim, poderá haver uma semelhança com pessoa). hoje vejo q veio tudo do mesmo sítio, de mim, q me conheço melhor."

Adorei que tivesses percebido quem és! Adorei que tivesses assumido a que é desnecessário (para ti) usar pseudónimos, precisamente, porque te conheces e porque, com certeza, tens orgulho no que escreves e queres que também os outros te conheçam pelo que és!

Adorei!

Beijão!

espektrum disse...

olá sara =P
tb n era bem isso q eu queria dizer.
o uso de heterónimos n significa (sempre) q o "gajo" q escreve é um frustado e tem muitas ideias q n combiam. n, pode ser propositado, inventar uma personagem e tentar passar por ela e falar/escrever fazendo de conta q é essa personagem, adivinhando a sua mente, conforme várias variáveis (tempo, espaço, educação, etc..)
no meu caso, já aconteceu as duas coisas: ser um frustado de merda e ser um mentiroso propositado (e a segunda situação pode ser muito engraçosa!)

acho eu.

bla bla bla whiskas saquetas.

Anónimo disse...

Sim eu sei que o teu texto nada tem a ver com Pessoa mas achava engraçado o facto de tentares fazer algo "similar" (não é pra levar á letra!)

A tua mãe chamava-me borboleta? Tão querida xD Beijinhos pra ela.

espektrum disse...

sim, pq ela geralmente é q pagava os presentes q eu te oferecia! ahah xD
e ajudava-me a escolher.
presentes esses q eram smp borboletas! =P
tb há quem te chame estátua! =x mas isso é outra história..

sim, a morning e prima fizeram de estátuas na minha primeira exposição de fotografia!
e q belas estátuas.
(o sr. chegou a mandar-te as fotos?)

Sara C. Rodrigues disse...

Concordo plenamente contigo. =)

No entanto fiquei satisfeita pela primeira razão (inexistência de sentimentos negativos transpostos para as palavras... "Frustração" - se assim lhe quiseres chamar)