
antes só ouvia falar dele.
hoje vejo-o em todo o lado:
o mito do eterno retorno
passou de conceito
a aparição contante e assombroso.
no entanto deixa de fazer sentido
quando se perde a origem
ou quando já não se tem a certeza
qual é a verdadeira origem.
encontrá-la será o próximo objectivo
(tenho a certeza)
e o isolamento parcial e a indiferença será o caminho
(tenho quase a certeza).
como é possível querer tanto uma coisa
e ter medo dela ao mesmo tempo?
é assim que me torno um bicho do mato
tendo só o meu covil
mesmo sem saber ao certo onde é,
onde começa
e onde acaba.
tendo só a sensação de que existe e me pertence.
parece ou começar
ou acabar numa parte q me consitui.
agora não preciso de ninguém
excepto de mim.
agora só preciso de mim
para me encontrar.
tudo o resto é areia nos meus olhos,
maçãs carnudas que me bloqueiam os sentidos
e me fazem pecar.
quando é que acaba?
não sei.
mas sinto-me bem assim.
voltar ao início
e ter a sensação de tudo o que se perdeu no caminho,
das certezas deitadas por água,
é uma coisa que quero saber já
mas que sabe bem adiar!
tenho saudades das pessoas
e dos conhecidos.
é pena tudo ser evolucionismo,
pois às vezes é o pior caminho.
porque não ser fixista e imutável de vez em quando?
é o q nos faz mais falta.
paradoxalmente, não o poderei ser nos próximos tempos.
o retorno está já na próxima esquina.
e eu tremo.
não sei o tempo q demoro a lá chegar.
sei que é muito.
tudo o que ganhei no caminho e o que mais vou ganhar
vai tornar-se inválido.
sempre foi assim.
voltar ao início
sei que é o que preciso
mas não quero.
depois de se "saber"
a ignorância já não é mais bem-vinda.
"..e já não sabes o que está na origem do que é, e por vezes não sabes o que ainda é rio e o que já é mar.." - Umberto Eco.