
dói-me tudo,
por entre as horas que passam.
estas dores que não sei de onde vêm,
sinto-as por dentro e por fora.
dói-me um pouco pelo corpo todo:
os dedos quando os roço no tecido, ou no papel frio,~
as costelas e a bacia de estar sentado,
os pés e os tornozelos de estar em pé,
a nuca, as omoplatas, o cóccix e os calcanhares de estar deitado.
dói-me os olhos, não sei bem porquê..
por escrever a estas horas,
por ter horas de sono perdidas na noite,
por chorar compulsivamente
e até por não chorar, às vezes, horas a fio.
dói-me o peito, dói-me o coração..
dói-me porque não sei porque me doem as dores
e onde doem e porque doem assim!
apenas me dói, e dói-me pensar no amanhã e nos outros, e até em mim.
o que tiro desta vida é a dor de pensar,
à medida que o tempo passa,
e que para reduzir a dor,
só mesmo apenas pensar em mim,
e em mais ninguém,
em mais nada.
eu basto-me como minha dor e como meu fármaco,
porque um dia quando as horas acabarem,
será pelo mal ou pela cura..
[gollum]

as horas são extraordinárias!
mas não me pagam mais pos isso..
são assim pelo que são!
os minutos são dolorosos..
um isolado é inofensivo,
mas em colónias são uma carga de trabalhos para os ultrapassar!
os segundos.. são eternos, perigosos e calculistas!
são eternos quando lhe dou rosas,
perigosos quando me tic-tac-toam nos ouvidos e num deles evacuo,
e calculistas porque juntos dão-me jeito no bolso
com mais uma moeda e um cigarro!
os anos.. são maus no dia-a-dia,
e bons no fim e no início.
afinal no meio não está a virtude
e queremos um extremo,
como um louco que não é um vegetal!
no início fazem-se planos,
e só no fim é que se pensam neles
e noutras coisas tantas,
e no outro início, novos planos se voltam a fazer!
e assim se vivem os dias!
nuns chovem, noutros fazem sol, idependentemente de ser domingo: dia do sol!
se as coisas fossem como os nomes, então teria de chover 6 dias por semana?
coitadas das couves que não sabem nadar..
os dias são rápidos,
mas lentos em certas ocasiões.
muitos juntos são uma vida..
boa ou má, rápida ou demorada.
e é por isto que o tempo é relativo,
já dizia Enstein!
(ou entao não)
as horas são mesmo extraordinárias!
mas não me pagam mais por isso..
[espektrum]

eu não quero estar aqui!
pudesse eu mover-me mais uns 300 metros..
mas não posso, nem sei porquê!
muita gente nao sabe quase nada a meu respeito,
e por mim até podiam nada saber,
pelo menos em relação ao que escrevo,
porque eu gosto é de actuar,
e quando não posso, escrevo,
apesar de não fazer sentido nenhum,
mas menos sentido faria, eu sem ter nada que fazer!
eu que sou capaz de formar colónias..
já o comecei,
e é um trabalho para uma vida!
pudesse eu mover-me uns 300 metros e estaria a fazê-lo neste momento,
mas não!
aqui estou de pijama,
a escrever e a perder horas preciosas
que poderia dedicar ao que é mais precioso - os outros!
sou unicelular,
mas gosto do conjunto "eu+outros=nós"!
e de abraçá-lo
e me sentir abraçado pelo conjunto ao qual me incluo!
então também me abraço aqui sozinho,
na falta do melhor
e olho para o relógio!
[volvox]
e isto foi na madrugada de 7 de maio de 2005.
fotos captadas por mim, a mim próprio.